Theory and History of Ontology (www.ontology.co)by Raul Corazzon | e-mail: rc@ontology.co

Platão, Sofista. Bibliografia dos estudos en Português

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The Philosophy of Plato

Bibliografia

  1. Alves, Alexandre. 2021. "Método e discurso filosófico no diálogo O Sofista de Platão." Princípios: Revista de Filosofia no. 28:131-142.

    Resumo: "Por sua discussão da questão do não-ser e por sua intenção de fundamentar o discurso filosófico, o diálogo Sofista ocupa uma posição central na história da filosofia. O objetivo deste artigo é relacionar o método de definição empregado por Platão no diálogo Sofista (a diérese) com sua concepção do discurso filosófico. As diferentes definições para o sofista propostas no diálogo não são somente parte da polêmica de Platão contra a sofística, mas fundamentam a própria concepção platônica do filósofo e do discurso filosófico. Enquanto a dialética seria o método empregado pelo filósofo para chegar ao conhecimento e à sabedoria, a sofística seria apenas imitação do verdadeiro conhecimento e da verdadeira sabedoria."

  2. Arêas, James Bastos. 2013. "O estatuto ontológico da imagem no Sofista de Platão." Tríade: Revista de Comunicação, Cultura e Mídia no. 2:399-411.

    Resumo: "A análise da mimesis, no Sofista de Platão, nos conduz, como em um círculo, da linguagem à imagem, da “linguagem imagem” à imitação; da possibilidade da imitação à afirmação do “ser” do não-ser e à realidade do falso. O exame do estatuto ontológico da imagem requer, portanto, a análise desses três principais problemas que a imitação pressupõe. A imagem traz consigo, por sua índole, um turbilhão de questões; desdobra, em sua fulguração, intermináveis impasses."

  3. Barbosa Dias, José Ricardo. 2010. "O Ser no "Sofista" de Platáo." Kalagatos: Revista de Filosofia no. 7:58-75.

    Resumo: "Platão, no “Sofista”, busca melhor determinar os gêneros do ser e a relação entre eles a fim de capturar o não-ser como sendo. Em nosso artigo visamos, em meio a essa busca de Platão, a sua tese sobre o ser.

    Com isso enfatizamos a relação de entrelaçamento do ser com o não-ser como “lugar” no qual essa tese se dá. Para tanto, nos mantemos num triplo movimento como constituindo o todo do diálogo platônico em questão: O Sofista e o não-ser; Platão e Parmênides; e Ser e discurso. Somente então apontamos para o que consideramos essencial na tese em questão: o caráter de ambigüidade e primazia do ser."

  4. Bocayuva, Izabela. 2014. "Entre o Parmênides e o Sofista de Platâo." Anais de Filosofia Clássica no. 16:62-72.

    Resumo: "A teoria platônica das ideias sofreu uma crítica contundente, em primeiro lugar, pelo próprio Platão. Isso fica mais do que claro no diálogo Parmênides, onde uma personagem homônima evidencia as aporias inevitáveis de uma suposta dicotomização da realidade e da proposta da participação como uma saída para o relacionamento entre os dois polos criados pela metafísica platônica. No âmbito da primeira aporia que vem à tona na primeira parte do Parmênides, encontra-se a questão da possibilidade, ou não, da ideia de coisas desprezíveis tais como cabelo, lama e sujeira, questão essa que nos incomoda e exige investigação. Arriscamos a hipótese de que na segunda parte do diálogo Parmênides e ainda na inaugural proposta ontológica contida no Sofista podemos perceber uma saída para esse passo aporético."

  5. Borges de Araújo Junior, Anastácio. 2007. "Heidegger e o Sofista de Platão." Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade no. 22/23:31-45.

    Resumo: "Entre os vários pensadores que, no panorama filosófico atual, retomaram a Antigüidade, Martin Heidegger, seguramente, ocupa uma posição de destaque. Ainda que muitas de suas interpretações acerca do pensamento antigo sejam controversas entre os especialistas, parecem incontornáveis muitas de suas lições e seminários. Nosso trabalho tomará como tema as lições de Heidegger, ocorridas durante o semestre de inverno [1924 – 1925], acerca do diálogo Sofista de Platão. O Mestre de Fribourg deixa explícito na sua exegese do diálogo Sofista, e isto parece aplicar-se a suas interpretações dos textos da tradição filosófica em geral, que ele não tem uma intenção histórica, na medida em que ele parece não se preocupar em reconstituir o pensamento platônico, mas antes, seguir o trabalho do pensamento, desobstruir suas tendências imanentes, pensar ao lado do texto e assim tentar elucidá-lo. Nosso trabalho procurará caracterizar a exegese heideggeriana acerca do Sofista de Platão, a partir de uma dupla perspectiva: por um

    lado, mostrar que suas interpretações acerca do pensamento antigo parecem, do ponto de vista daquilo que estudamos e investigamos na história da filosofia, discutíveis, para não dizer inaceitáveis, e, por outro lado, essas mesmas interpretações, do ponto de vista filosófico, parecem revigorar os textos antigos ao atualizar seus conceitos."

  6. Braga da Silva, André Luiz. 2011. "Dificuldade e beleza em um parricídio que não há (Platão, Sofistam 236e-237a)." Hypnos no. 26:146-159.

    Resumo: "Trata-se de investigar acerca da relação do Estrangeiro de Eléia, personagem do Sofista, com o filósofo Parmênides de Eléia, a quem ele chama de “pai”. O foco desta análise é a idéia de refutação ou “parricídio” do último nas mãos do primeiro. Tal refutação diria respeito ao reconhecimento que faz o Estrangeiro de certa realidade do não ser, a qual havia sido totalmente interdita pelo mestre eleata. O estudo defenderá a idéia de inexistência de refutação, ou parricídio do filósofo eleata, por parte de seu discípulo."

  7. Cavalcante Brígido, Anúzia Gabrielle. 2016. "O cão versus o lobo ou qual a diferença entre Platão e Górgias?" Phaine. Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade no. 1:17-23.

    Resumo: "Não raras vezes os chamados “sofistas” são interpretados a partir da caracterização presente nos diálogos de Platão e esta mesma caracterização não é de todo abandonada, ainda quando essas interpretações se propõem a partir diretamente dos textos dos "sofistas" - estabelecidos em séculos bem mais próximos de nós que deles - na tentativa de reabilitar suas imagens ou discordar de Platão. Parece-nos que, a despeito disso ou exatamente por isso, existe um certo consenso em torno do conceito de “sofista” ser uma criação platônica e de não podermos nos fiar em sua caracterização se quisermos chegar a uma compreensão mais adequada do pensamento de determinado “sofista”. Partindo disso, o presente trabalho pretende esboçar alguns questionamentos sobre o significado dessa caracterização e caça ao “sofista” efetuadas por Platão. Mais especificamente, usaremos a imagem de Górgias criada por Platão para sugerir que Platão parece não só não estar interessado simplesmente em interpretar e criticar as teses "sofísticas" em nome de um saber pretensamente desinteressado, como muitas vezes se utiliza das mesmas estratégias discursivas dos "sofistas"."

  8. da Silva, José Lourenço Pereira. 2001. "A definição da imagem no Sofista de Platão." Cadernos de Atas da ANPOF (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia):71-78.

    "A noção de imagem, no Sofista, guarda as mais desconcertantes dificuldades." (p. 71)

    (...)

    "Tudo isso implica a fundamental distinção entre o ser e o não-ser pros ti, que faz com que o ser em um certo sentido não seja (ser uma certa determinação equivale a não ser uma outra) e o não-ser de algum modo seja (não ser uma certa determinação equivale a ser uma outra). Atinando, assim, à polisse-mia do ser, antes mesmo de Aristóteles, Platão pôs as condições de possibilida-de do não-ser e, por conseqüência, da falsidade. Não porém do não-ser como contrário do ser, o medamos on, que foi abandonado já no começo da discus-são, mas do não-ser como diferente (do ser), de sorte que falar o falso, embora seja enunciar o que não é, não consiste na absurda enunciação de nada, mas simplesmente na afirmação de um fato, estado ou ação que não é o caso pre-sente, mas outro." (p. 77-78)

  9. ———. 2019. "O problema do um multiplo ou de como Platão se liberta das injunçoes eleaticas no Sofista." Revista de estudos FilosóFicos e Históricos da antiguidade no. 34:23-35.

    Resumo: "Neste artigo, procuro mostrar como a colocação do problema do um e do múltiplo e a hipótese da participação mútua das Formas para respondê-lo no Sofista significam um decisivo afastamento por parte de Platão da ontologia e lógica eleática. Rejeitando a noção do ser absoluto e o princípio de identidade intransigente de Parmênides, que não permitiam afirmar senão tautologias, o Estrangeiro trata do problema do um e do múltiplo no plano do inteligível para mostrar que a concomitância do um e do múltiplo que nossos discursos expressam se apoia no fato de que as próprias Formas, que na ontologia do Banquete, República e Fédon foram concebidas tal como o ser de Parmênides, mantêm relações mútuas que torna cada qual, ao mesmo tempo, una e múltipla. O reconhecimento do fenômeno da relação como inerente à constituição dos verdadeiros seres só foi possível mediante o rompimento com a lógica e a ontologia eleática e sua crença no ser absoluto que a tudo pretendia imobilizar na

    sua unidade e auto-identidade. O Estrangeiro libertou o ser das amarras que impossibilitavam o contato com o Outro. Reconhecendo o modo de ser em relação (pros allo), compatível com o modo de ser em si (kath auto), o diálogo Sofista não só superou as injunções parmenideana, mas também refinou a ontologia das Formas que Sócrates havia defendido."

  10. da Silva, José Wilson. 2021. "Elenchos e educação moral no Sofista de Platão." Argumentos. Revista de Filosofia no. 13:43-53.

    Resumo: "Uma das características marcantes de Sócrates é o seu modo de examinar. Através da investigação apoiada em uma série de perguntas intercaladas por respostas de um interlocutor, Sócrates segue um caminho de negação das teses que lhes são apresentadas até chegar a um total impasse nesta busca. Sócrates chama de elenchos (refutação) ao seu procedimento habitual e ficou bem conhecido pelo o que nos é apresentado nos primeiros diálogos de Platão. Por outro lado, há no diálogo Sofista, na sexta definição, a associação do elenchos à atividade sofística e, ainda, é apresentado como um método educacional. Estes dois casos são matéria de debate entre os estudiosos, que consideram que o elenchos nesta passagem do Sofista não é o mesmo método dos primeiros diálogos de Platão, principalmente, por ser considerado um método educacional; já o elenchos dos primeiros diálogos serviria apenas para mostrar que o interlocutor sustenta opiniões conflitantes sobre os assuntos morais. Pretendemos, portanto, mostrar que Platão não está apresentando uma nova compreensão do elenchos e, ainda, que já era pensado como um método educacional em diálogos anteriores."

  11. ———. 2021. "Sobre valor moral e correçao intellectual no Sofista de Platão." Trans/Form/Ação no. 4:149-176.

    Resumo: "Platão, no diálogo Sofista, argumenta que a vergonha tem a capacidade de fazer que umindivíduo mude sua opinião. Além disso, a vergonha não opera apenas uma mudança qualquer, mas o abandono de uma opinião falsa, retirando-a do caminho que leva ao conhecimento. Contudo, é argumentado que o erro intelectual é corrigido pelo ensino e não por um valor moral. Pretendese explicar como a vergonha pode ter essa função de uma positiva mutação mental, contribuindo desta forma para a obtenção do conhecimento. A interação entre valor moral e capacidade cognitiva é possibilitada pelo conceito de imagem e fealdade."

  12. de Aguiar Menezes Neto, Nelson. 2013. "Uma leitura do prólogo do Sofista de Platão." Calíope Presença Clássica no. 30:48-62.

    Resumo "O Sofista é um diálogo dramático. De modo semelhante a outros diálogos platônicos, a obra começa com a cena em ação, em discurso direto, dispensando o papel de um narrador e o uso de terceira pessoa.

    Provavelmente por conta de seu estilo, os passos iniciais da obra (216a a 218b) são comumente tomados como “prólogo”, sendo entendidos como uma introdução ao diálogo como um todo, cuja investigação filosófica propriamente dita se iniciaria apenas a partir do passo 218b, com a busca pela definição do sofista através do método das dicotomias. Fazendo referência às noções de “prólogo” e de “proêmio”, buscamos conferir aos passos iniciais do Sofista um sentido e uma função para além de uma mera introdução. Neles, não se apresenta apenas o projeto de enquadramento do sofista, como também se pode encontrar, de algum modo já esboçado, a sua própria definição. A proposta deste trabalho é desvencilhar-se de uma leitura en passant dos passos iniciais do Sofista, pretendendo uma interpretação que evidencie o seu caráter ao mesmo tempo literário e filosófico."

  13. de Souza, Eliane Christina. 1997. " Sobre a teoria da participaçao da Formas no Sofista de Platão." Hypnos no. 2:81-88.

    "O objetivo desta apresentação é fazer algumas observações sobre a teoria da participação das formas exposta no Sofista de Platão, abordando especificamente como esta teoria procura resolver o problema da predicação. Neste diálogo, a possibilidade do discurso predicativo é ameaçada por um argumento conhecido como "argumento de Antístenes", segundo o qual é impossível predicar, já que a predicação implica na identificação de duas coisas diferentes. Esta ameaça ao discurso predicativo é, na verdade, uma ameaça à própria possibilidade do discurso filosófico, visto que ela representa um dos pólos de um confronto entre filosofia e sofística com relação ao uso do discurso." (p. 81)

  14. ———. 1998. "Platão e Parmênides: notas sobre o « parricídio »." Letras Clássicas no. 2:27-38.

    Resumo: ": O “parricídio” que Platão apresenta no Sofista não pretende ser uma negação completa da ontologia de Parmênides, mas a crítica do princípio de não-contradição postulado por Parmênides em seu

    Poema, que interdita a união entre ser e não-ser. Após a exposição das dificuldades discursivas a que esta interdição conduz, Platão admite uma ontologia que associa ser e não-ser do mesmo modo como eles estão associados no plano discursivo."

  15. ———. 2009. Discurso e Ontologia em Platão. Um Estudo Sobre o Sofista. Sāo Paulo: Unijui.

    Resumo: "Este livro apresenta um exame das condições de possibilidade do discurso informativo sobre o ser esboçadas no Sofista de Platão e da reformulação ontológica sugerida no diálogo para satisfazer estas condições. Ao entender a concepção sofística de discurso como uma ameaça ao caráter informativo da linguagem, o Estrangeiro de Eléia se vê obrigado a reconhecer Parmênides como um forte aliado do sofista contra sua própria compreensão de discurso filosófico: um dizer o que as coisas são. A tarefa do Estrangeiro de Eléia será, então, preservar o caráter objetivista da concepção de discurso de Parmênides e reformular as noções de ser e não-ser e a relação entre ser e discurso, de modo a garantir que a ontologia forneça o fundamento para que o discurso diga o ser."

  16. ———. 2010. "Negação e diferença em Platão." Trans/Form/Acao.Revista de Filosofia no. 33:1-18.

    Resumo: "Platão, ao tratar da negação no diálogo Sofista, afirma que sempre que enunciamos o que não é, não enunciamos algo contrário ao que é, mas algo diferente. A negação significa cada parte da natureza da diferença em antítese ao que é. Tal tratamento da negação resulta da necessidade de resolver alguns problemas colocados pelo eleatismo. Propõe-se indicar esses problemas e examinar o tratamento que Platão dá ao nãoser como diferença."

  17. Engler, M. R. 2021. "Comentário a "Pressuposto ético da alteridade na hermenêutica filosófica a luz do Sofista de Platão": platonismo militante." Trans/Form/Ação no. 44:277-286.

    "No artigo de Rohden e Kussler (2021), a associação entre Gadamer e Platão pressupõe o raro e admirável reconhecimento do elemento antitirânico do platonismo, contra todo o ranço conservador com o qual Platão ainda é lido, em especial no Brasil. Isso faz com que a história de Quíon nos venha inevitavelmente à mente. Os dados que os autores usam para mostrar esse fato são outros, todavia, sua conclusão é a mesma, a saber, que o platonismo implica profundo respeito à diferença, e que tal respeito pode ter sido absorvido na hermenêutica de Gadamer através de um processo de transformação dos princípios do Sofista em noções como alteridade e identidade. No fim, talvez devamos dizer: “Sob o signo de Platão, mas não pelo militarismo prussiano, caro Herr Moellendorff, e sim contra toda a tirania, do passado e do presente!” (pp. 283-284)

    (8) Trata-se de famosa afirmação de Wilamowitz-Moellendorff (1920, Nachwort, tradução nossa), no prefácio à sua obra sobre Platão: “Combaterei, sob o signo de Platão, enquanto respirar”. Como a análise de Vegetti (2010, p. 114) demonstra, porém, essa luta era em prol de uma versão bastante militarizada da Prússia da época.

  18. Flaksman, Ana. 2015. "Notas sobre Heráclito no Teeteto, Banquete e Sofista." Archai no. 15:87-95.

    Resumo: "Este artigo, partindo da leitura da primeira parte do Teeteto e de passagens do Banquete e do Sofista, busca examinar de que forma Platão interpretou e transpôs o pensamento de Heráclito. O texto sustenta que Platão não transmitiu de Heráclito a imagem de um mobilista radical, nem dissociou a tese do fluxo de outras teses do Efésio, como a tese da unidade dos opostos, mas, ao contrário, distinguiu as teses de Heráclito das opiniões extremadasde seus adeptos e apresentou uma imagem bastante rica, complexa e multifacetada de seu pensamento."

  19. Floriano, Rodrigo César , Franco, José Henrique Fonseca, and Oliveira, Richard Romeiro. 2020. "O problema do erro (pseûdos), a possibilidade do discurso predicativo e a questão ontológica no Sofista de Platão." Investigação Filosófica no. 11:27-38.

    Resumo: "O presente artigo analisa as relações entre discurso e ser, estabelecidas de maneira dialética por Platão em seu diálogo tardio Sofista. Como se sabe, os sofistas defendiam a impossibilidade de provar a falsidade ou verdade de qualquer discurso. Tais pensadores basearam-se no interdito ontológico de Parmênides de Eleia, que asseverava a existência de uma correspondência estrita entre dizer e ser, de modo que seria, portanto, impossível dizer algo que não é, isto é, um não-ser. Contrariamente a essa perspectiva e fazendo uso do método da "diaíresis" - no qual os seres são caracterizados por suas diferenças mais fundamentais -, o Sofista se desdobra revisitando e pondo à prova as teorias ontológicas de seu tempo, a fim de explorar uma nova maneira de pensar a relação entre os seres. Com isso, Platão garante a possibilidade de análise qualitativa do discurso predicativo e, consequentemente, define o erro (pseûdos) como desarmonia entre dizer e ser. No intuito de levar a cabo tal empreendimento, o filósofo explica como ocorre o entrelaçamento entre ser e não ser em suas relações básicas, as quais são mediadas pelas seguintes categorias fundamentais: Ser, Mesmo, Outro, Movimento e Repouso. A partir disso, a dialética é finalmente constituída como a técnica correta de diferenciação dos predicados em suas possibilidades de comunicação com cada sujeito. Graças aos resultados filosóficos alcançados por meio desses procedimentos, desenvolveram-se novas reflexões que levaram Aristóteles a instrumentalizar a análise da linguagem."

  20. Huguenin, Rafael. 2008. "Sobre alguns empregos do verbo grego ser no Sofista de Platão." O que nos faz pensar no. 24:47-58.

    Resumo: "O objetivo deste artigo é oferecer uma breve análise de algumas ocorrências do verbo grego ‘ser’ no Sofista de Platão. Em um primeiro momento, (I) discutiremos algumas abordagens tradicionais de algumas ocorrências do verbo na parte central do Sofista. Depois, (II) faremos uma breve exposição da tese de Jaakko Hintikka acerca da suposta ambiguidade do verbo. Para concluir, (III) mostraremos como o texto pode ser interpretado sem atribuir tais ambiguidades às ocorrências do verbo."

    Referências

    Hintikka, Jaakko. “Existence and Predication from Aristotle to Frege”. In: Philosophy and Phenomenological Research, Vol. LXXIII, N. 2, 2006, pp. 359-377.

  21. Iglesias, Maura. 2003. "A relaçao necessaria entre a primeira parte e a parte central do Sofista de Platão." Boletim do CPA no. 15:143-156.

    "A importância capital das discussões realizadas na segunda parte; sua posição central, literalmente encravada no desenvolvimento do tema explícito do diálogo; a nítida quebra temática entre as duas partes, apesar da continuidade formalmente bem construída entre elas, tudo isso levou Th. Gomperz a uma célebre comparação: a primeira parte seria a casca, a segunda o fruto (citado por Diès na Notice da ed. do Sofista da Collection Budé, Belles Lettres)." (p. 144)

    (,...)

    "Quando, na primeira parte do diálogo, o Estrangeiro acusou o sofista de ser produtor de imagens no discurso, a sugestão parecia ser que haveria um discurso que não seria imagem. Mas o desenvolvimento das questões levantadas pelo não ser acaba revelando o próprio discurso verdadeiro como imagem, i.e., algo cujo ser consiste em não ser aquilo a que ele se refere, mas que ele faz aparecer por uma relação natural de semelhança entre a tessitura que ele estabelece entre onoma e rhema com a tessitura da coisa de que ele fala, e que ele próprio não é. Diferente do caso das figuras geométricas, o discurso jamais poderia ser entendido como uma imagem de um modelo que seria produto de abstração, uma vez que a coisa dita necessariamente pre-existe ao discurso, sendo um tipo de ser que é intuitivamente reconhecido como independente do discurso que a diz.

    Assim, fixando o ser do discurso como essencialmente imagem –algo que não é aquilo que faz aparecer– Platão consegue não só provar que há imagens –o que é essencial para sua ontologia, que afirma o sensível como imagem do inteligível–, mas torna o discurso verdadeiro um instrumento de investigação da tessitura do real." (p. 155-156)

  22. Machado, Alexandre N. 1999. "Enunciado Falso e Não-Ser no Sofista de Platão." Barbarói no. 11:81-109.

    "O presente artigo consiste numa breve reconstrução do problema sofista a respeito da possibilidade de enunciados falsos e da solução que Platão pretende ter dado a este problema. A solução de Platão é dependente de considerações sobre o ser e o não-ser, dada a sua definição de enunciado falso como aquele que enuncia o não-ser (aquilo que não é). Devido a isso, as considerações de Platão sobre o ser e o não-ser, que são relevantes para a solução do problema do nãoser, também são apresentadas sumariamente. A abordagem dos temas procura seguir a ordem expositiva de Platão." (pp. 82-83)

  23. Marques, Aurelio Oliveira. 2019. "A noção de opinião falsa à luz de uma interpretação do não-ser: um problema entre o Teeteto e o Sofista de Platão." Griot: Revista de Filosofía no. 19:122-134.

    Resumo: "Embora o Teeteto nos coloque num cenário interpretativo completamente à parte da teoria das Formas, não nos é permitido admitir seu total esquecimento. Conceitos como ‘racionalidade’ contraposto à percepção sensível, e a ‘imprescindibilidade do logos’ enquanto discurso que perfaz o conhecimento verdadeiro, são extremamente caros ao Teeteto. Desconsiderar a pertinência e a similaridade do significado destes conceitos desde a maturidade até à velhice, colocar-nos-ia em situação de grande dificuldade explicativa acerca do conhecimento. Assim, é importante destacar que optamos por uma perspectiva intermediária, que por um lado reconhece a ausência de uma argumentação calcada na clássica teoria das Ideias, mas que compreende a obra platônica sob a tutela de uma interpretação sistemática e holística, segundo a qual Platão não abandona os pressupostos metafísicos das Formas inteligíveis. Longe de uma ruptura com o que foi dito anteriormente na maturidade, o Teeteto serve como complementação teórica acerca da ontologia e da epistemologia, embora no Teeteto não haja uma menção direta às noções presentes nos diálogos anteriores e boa parte do tema se apresente por meio de estilo de escrita e vocabulário inusitados. Por fim, mas não menos importante, será feita uma breve análise de alguns trechos dos momentos finais do Sofista com o objetivo de compreender em que medida o aspecto epistemológico, proposto por Platão no Teeteto, pode ser lido à luz de questões relacionadas ao Ser e ao Não-ser, já que a pergunta pelo ‘o que é conhecimento’ nos remete também a uma discussão ontológica."

  24. Marques Kussler, Leonardo. 2018. "Alteridade no Sofista: ecos platônicos oculto sna proposta ricoeuriana." Problemata. International Journal of Philosophy no. 9:61-69.

    Resumo: "No Sofista, Platão já desenvolve princípios argumentativos acerca dos conceitos de identidade e reconhecimento, mesmidade e alteridade. Ao traçar limites entre o que se caracteriza por ser, não ser e a possibilidade de estas grandezas relacionarem-se, Platão explicita, pela voz do estrangeiro, o mesmo e o outro, modos de compreender os entes. Ricoeur, por sua vez, elabora uma teoria tangente ao reconhecimento e à alteridade, do si-mesmo como um outro, uma vez que insiste na necessidade de um outro para a formação e o reconhecimento da identidade. O objetivo, aqui, é remontar alguns aspectos da filosofia ricoeuriana à teoria anteriormente proposta por Platão, enfatizando e defendendo que a) a ideia de alteridade mostra-se presente já no Sofista, dependendo do modo como se interpreta o conceito de ἕτερος [héteros] e b) quais as principais distinções da proposta de Ricoeur com relação à tese platônica, não referenciada diretamente em sua obra. Assim, abriremos o diálogo entre as tradições supracitadas com o fito de alimentar a discussão sobre a possibilidade de defender traços de alteridade ao identificar as definições platônicas e em que medida elas ecoam na proposta hermenêutica e literária de Ricoeur."

  25. Marques, Marcelo Pimenta. 2000. "O Sofista: uma fabricação Platônica?" Kriterion no. 41:66-88.

  26. ———. 2001. "Imagem e aporia no Sofista de Platão." Classica, Sao Paulo no. 13-14:189-204.

    Resumo: "É no contexto da série de aporias relativas à possibilidade de dizer o não-ser, numa perspectiva eleata, aporias derivadas da posicão inicial do problema da produção de imagens, que o Estrangeiro e Teeteto formulam uma definição da imagem que, por sua vez, se apresenta como uma aporia do não-ser. Meu propósito é compreender o problema da imagem no Sofista articulando-o aos temas da produçâo (dimensâo antropológica) e da aporia (dimensâo Iogico-ontológica)."

  27. ———. 2005. "Phantasia em Platâo." Tòpicos no. 28:57-82.

    Resum: "Neste artigo, interrogo a noção de phantasia (aparição, representação imagética, simulacro), a partir das ocorrencias do termo no corpus platônico: uma na República, duas no Teeteto, quatro no Sofista e uma no Timeu. De um modo geral, me interessam como objeto de pesquisa as modalidades do "aparecer" nos diálogos de Platão, na medida mesma em que questiono preconceitos e lugares comuns com relação a aparência e o aparecer. Como introdução, me limitarei a alguns comentários a proposito de um clássico."

  28. ———. 2006. Platão, pensador da diferença: uma leitura do Sofista. Belo Horizonte: Editora da UFMG.

    "Que conclusões tirar quanto ao que concerne aos objetivos, do Sofistá? O desafio proposto no Parmênides é o de demonstrar o entrelaçamento das formas entre si, entrelaçamento que torna possivél a unidade de sua multiplicidade, evitando e superando as ameaças de contradiçào. A partir do Teeteto, deve-se pensar na busca de uma ciência que ultrapasse os dados de la percepçao sensível e da opinião, levando em conta a diferença entre os seres.

    A reflexão epístemológica aporética exige que se aprofunde na compreensào do que é o lógos propriamente dito: como pensá-lo para que ele possa ser tanto verdadeiro, quainto verdadeiramente falso. O Político indica o coração aporético do Sofista, que é a impossibilidaide e a inevitabilidade de se pensar o ser da imagem, justamente aquele ser que é o que não é; sua posiçao exige que se possa estableer o ser do não-ser." (p. 21)

    (...)

    "Obtenho, assim, os elementos que estruturam meu percurso de leitura do Sofista, em três planos - antropológico. lógico-epistemológico e ontológico: os cidadàos em suas relaçoes (açoes e produçôes) na cidade, seus discursos e argumentos enquanto modos de agir e os gêneros maiores ou as formas mteligíveis como objectos de conhecimento que determinam decisivamente seus discursos e açoes. A diferença entre os seres humanos e, em particular, a diferença entre o sofista e o filósofo; a diferença essencial com relaçao ao ser do lógos às contraposiçóes entre lógoi; e, finalmente, a diferença enquanto parte da alteridade inteligível, condição para o entrelaçamento das formas que determina a significaçao dos discursos, sua verdade e sua falsidade.

    Posso, assim, dizer que a diferença se revela como a pe3dra de toque da dialéctica, tal como ela é visada non Sofista: uma ciência humana (dos homens livres), da diferenciaçao e da divisâo (nos discursos) dos seres, seguendo os gêneros (as formas)." (p. 22)

  29. McCoy, Marina. 2010. Platāo e a retórica de filosófs e sofistas. Sāo Paulo: Madras.

    Tradução de Plato on the Rhetoric of Philosophers and Sophists.

  30. Mesti, Diogo Norberto. 2020. "Marques ilustrando as imagens do Sofista de Platão." Voluntas: Revista Internacional de Filosofia no. 11:134-149.

    Resumo: O objetivo deste artigo é retomar a leitura de Marcelo Marques do conceito de imagem do Sofista de Platão, tendo como recorte o capítulo sobre a “Aporía” do livro Platão, pensador da diferença. Além de retomar essa leitura, pretende-se reconstruir as pontes sugeridas pelas epígrafes que o comentador retirou de Faulkner e de Guimarães Rosa para ilustrar o estatuto paradoxal das imagens, que são definidas no diálogo platônico como um tipo de ser que é, mas que não é aquilo que é. Com isso, pretende-se avaliar algumas imagens literárias utilizadas para falar de imagens na teoria filosófica de Platão."

  31. Oliveira, Claudio. 1999. "Um outro « lógos », um outro sofista: variações em torno de Platão." Kléos no. 2-3:73-83.

    "Trata-se, em Platão, de distinguir o sofista do filósofo? Ou talvez, melhor, de distinguir o filósofo do sofista? A diferença é sutil, mas importa.

    Qual dos dois, na verdade? Platão não deixa dúvida e ainda menos toda tradição filosófica que segue seus passos: trata-se, muito mais, do segundo caso. O caso: um filósofo atormentado, às voltas e em busca de um princípio que possa distingui-lo do sofista." (p. 73)

  32. Oliveira, Lethicia Ouro de. 2014. "A εἰκαστική no Sofista de Platão." Archai: The Origins of Western Thought no. 13:53-60.

    Resumo: "No diálogo Sofista de Platão, os personagens Estrangeiro e Teeteto estão à caça da definição do sofista.

    Ambos concordam em que o sofista produz imitações, ficções.

    Seguindo o método dialético, será preciso responder: que tipo de imitação é produzido pela sofística? Para isso, o Estrangeiro divide a mimética em εἰκαστική e φανταστική. Essa divisão, feita sem grandes explicações, gerou, contudo, bastante controvérsia na tradição comentarista. Nesse texto analisaremos a leitura de diferentes comentadores sobre o sentido de um desses gêneros miméticos, a εἰκαστική. Esta análise permitirnos- á posicionarmo-nos entre as vertentes interpretativas e compreender o texto do Sofista com maior acuidade. Por fim, novos direcionamentos serão abertos para apreender o que é a própria filosofia tal como realizada nos diálogos platônicos."

  33. ———. 2018. Da Mímesis Divina à Humana: um breve estudo sobre as noções de pintura e escultura nos diálogos Sofista, Timeu e Leis de Platão. Rio de Janeiro: Casa da Editora PUC-Rio.

    "Finalizamos assim a expressão de nossa percepção sobre as noções de pintura e escultura nos diálogos Sofista, Timeu e Leis. Nosso intuito foi de construir uma imagem fidedigna, um discurso icástico, mas sempre corremos o risco de nos deixarmos enganar por uma ou outra simulação, artimanha ou brincadeira com palavras e imagens tão do gosto de Platão. Como uma pintura, este estudo é também inacabado e cumprirá seu fim ao despertar o desejo por mais pesquisas e investigações sobre o que são pinturas, esculturas e quais seus poderes na filosofia platônica. E se estas são exemplos claros do que são imagens em geral, uma investigação, por fim, sobre si mesma, dado o caráter imagético do discurso, pelo qual nos arriscamos a conhecer e divulgar o real no perigo de nos percebermos sofistas e/ou filósofos, dadas todas as variáveis históricas e políticas de ambas as posições." (p. 208)

  34. Paviani, Jayme. 1997. "Tópicos para uma leitura de O Sofista." Veritas (Porto Alegre) no. 42:937-943.

    Sìntese: "Indicação de tópicos do prólogo de o Sofista considerados relevantes, sob o ponto de vista propedêutico, para o estudo do diálogo na perspectiva do processo diairético. Observações sobre as implicações entre o método, os temas e a estrutura do diálogo."

  35. Pereira, Viviane Magalhãe. 2013. "Uma concepção hermenêutica de Filosofia: pensar com o Sofista de Platão e a Metafísica de Aristóteles." XII Semana Acadêmica do PPG em Filosofia da PUCRS:3-10.

    Resumo: "Quem trabalha com Filosofia em algum momento se deparou com a dificuldade de defini-la. Mesmo ante as indicações daqueles elementos que caracterizariam a unidade da Filosofia, vemos que a nossa concepção pormenorizada do que ela seja depende da teoria filosófica na qual apoiamos nossas teses. Para defender isso, utilizaremos neste artigo o exemplo de dois textos clássicos que nos influenciam até hoje, a saber, o Sofista de Platão e a Metafísica de Aristóteles. Mostraremos como estes escritos apresentam o exemplo da unidade da Filosofia e da multiplicidade de suas teorias. O que está por trás desses argumentos, no entanto, é uma concepção hermenêutica de Filosofia, segundo a qual principalmente as questões filosóficas são dependentes da linguagem daqueles que com ela estão envolvidos."

  36. Rocha, Thomas. 2016. "Saussure: leitor de Platão." Letrônica. Revista Digital do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS no. 9:126-143.

    Resumo: "Neste trabalho, propomo-nos a fazer um estudo que coloca em relação a teoria da alteridade, elaborada por Platão no diálogo Sofista, e a teoria do valor linguístico apresentada no Curso de linguística geral (CLG) de Ferdinand de Saussure. Partimos da hipótese levantada por Oswald Ducrot de que, ao desenvolver a noção de valor linguístico, Saussure aplica ao estudo da linguagem o que Platão disse sobre as Ideias. Profundo conhecedor da filosofia clássica, Ducrot encontrou, na teoria do valor linguístico, a fundamentação que o lançou na pesquisa linguística e que hoje conhecemos pelo nome de Semântica Argumentativa. Segundo Ducrot, na teoria da alteridade concebida por Platão encontramos a origem filosófica da teoria saussuriana do valor. Nossa intenção é, partindo de um estudo minucioso do diálogo Sofista e do CLG, circunscrever a concepção de diferentes conceitos que, por sua vez, pertencem a diferentes campos do conhecimento: a filosofia e a linguística. Dessa forma, é de uma perspectiva epistemológica que nos colocamos. Foi através desses textos que Ducrot pode relacionar a ideia de alteridade com a noção de valor, ao encontrar, em ambas, a ideia de “oposição” como constitutiva das entidades a serem analisadas. De modo que, ao investigar e aprofundar a noção de valor, tentamos explicitar as influências filosóficas que fundamentaram o conceito desenvolvido pelo linguista genebrino."

  37. Rodrigues Pimenta, Danilo. 2013. "Ontologia, linguagem e techné no Sofista de Platão." Plêthos no. 3:8-16.

    Resumo: "O presente texto pretende discorrer sobre a ontologia e a linguagem no Sofista de Platão. Seguiremos os passos do diálogo entre o Estrangeiro de Eléia e Teeteto, a fim de melhor compreender a questão proposta. Portanto, nosso objetivo é acompanhar os passos do Sofista com a finalidade de investigar a real problemática do diálogo, o problema do discurso falso."

  38. Rohden, Luiz, and Kussler, Leonardo Marques. 2021. "Pressuposto ético da alteridade na hermenêutica filosófica a luz do Sofista de Platão." Trans/Form/Ação no. 44:257-276.

    Resumo: "A teoria filosófica de Gadamer comporta a proposta da hermenêutica filosófica enquanto um projeto ético. Embora o autor não tenha focalizado essa relação, de forma sistemática, almejase, aqui, explicitar e aprofundar a noção de alteridade como pressuposto ético fundamental da hermenêutica gadameriana, à luz do Sofista de Platão. Para tanto, na primeira seção, abordam-se a estrutura e as formas de interação do conceito de outro, tal como apresentado por Platão, no Sofista, que trata de aspectos da identidade, da diferença, da coexistência do eu e do outro enquanto princípios metafísicos. Em um segundo momento, propõe-se uma percepção possível da apropriação de Gadamer relativamente aos conceitos platônicos os quais dialogam entre si, por meio da dialética, a partir da subjetividade moderna. Dessa maneira, justifica-se que os traços fundamentais da ética hermenêutica têm base em princípios não autoexcludentes, visto que não se exige o assujeitamento do outro como condição da formação e da manutenção identitária de si. Por fim, reconduz-se a hipótese de que o outro hermeneuticus é tão importante quanto o eu hermeneuticus para a compreensão de si e do mundo, em uma relação copartícipe, a qual não nega diferentes modos de ser para se afirmar com significativas implicações pessoais e sociopolíticas."

  39. Salles, Lucio Lauro Barrozo Massafferri. 2016. "As faces do Sofista de Eleia." Anais de Filosofia Clássica no. 10:1-22.

    Resumo: "Apresento aqui a hipótese de que Platão pode ter usado aspectos da filosofia e do estilo de Alcidamante na composição poética dos personagens Estrangeiro de Eleia e Palamedes Eleático. Para compartilhar essa hipótese, farei uma leitura onde examino e comparo determinadas passagens do Sobre os Sofistas, de Alcidamante, com o Sofista e com o Fedro, de Platão."

  40. Santos, Barbara Helena de Oliveira. 2021. "Unidade e Multiplicidade no método diairético de Platão no Sofista." Archai no. 31:1-27.

    Resumo: "Ao colocar a diairesis em comunhão com a dialética, Platão rompe com a estrutura dicotômica-unívoca parmenídica; no Fragmento 2 do Poema Da Natureza, a deusa estabelece que há apenas dois caminhos para a verdade, um que é e outro que não é. Desses dois caminhos, Parmênides nega o segundo, afirmando que é impossível conhecer o que não é: para o filósofo préssocrático conhecer algo está relacionado ao é, logo, para ele, é impossível conhecer o que não é. De maneira que há, em Parmênides, uma cisão entre “ser” e “não-ser”. O desafio, ao qual nos propomos neste artigo, é explorar as implicações, para a diairesis no Sofista de Platão, quanto à afirmação parmenídica sobre a impossibilidade cognoscível a respeito do não-ser."

  41. Santos Lima, Jorge dos. 2008. "A dialética presente na estrutura textual d'O Sofista de Platâo." Saberes, Natal – RN no. 1:71-83.

    Resumo: "O objetivo deste artigo é resolver uma simples pergunta: como é possível apresentar a trama filosófica que se desenvolve no Diálogo O Sofista de Platão sem subtrair a dialética, mobilidade e fluidade dinâmica de seu texto? Com esse intuito, pressupõe-se de imediato que há uma trama filosófica no Diálogo e que é dialética. Assim, optou-se por seguir seis passos que, metodologicamente, estruturam este estudo e resumem, ao mesmo tempo, esse escrito de Platão: o primeiro é a introdução responsável pela delimitação deste estudo; depois se descreve em conjunto, a introdução que Platão faz à obra e as primeiras tentativas de definição do sofista; em seguida mostra-se como Platão interpreta as discussões existentes na história acerca do ser e não-ser e os resultados dessa interpretação; logo adiante, enfatiza-se a retomada de Platão do debate sobre ser e não-ser que culmina na afirmação do não ser como alteridade no contexto da linguagem; depois, expõe-se as conclusões que Platão escreve sobre o autêntico sofista para, por fim, assinalar algumas considerações sobre o caráter dialético e móbil da trama ou idéias principais desse Diálogo."

  42. Santos, Maria Carolina Alves dos. 2001. "A demarcação platônica de novas fronteiras epistêmicas para o discurso filosófico um estudo sobre o Sofista." Trans/Form/Ação no. 24:273-299.

    Resumo: "No Sofista, mediante os circuitos do procedimento ontológico-binário das divisões dialéticas, Platão busca não somente chegar à verdade das coisas em si, mas, também, a sua correta expressão. A superação das aporias relativas à natureza da linguagem por um tratamento metódico rigoroso, que minimiza suas limitações e inadvertências e a instala numa dimensão transcendente, entre os gêneros do Ser, assegura-lhe o estatuto de discurso filosófico, capaz de dizer aquilo que é como ele é."

  43. Severo Buarque de Holanda, Luisa. 2014. "A parte e o todo: atomismo e linguagem no Sofista." Anais de Filosofia Clássica no. 16:49-61.

    Resumo: "O atomismo de Leucipo e Demócrito é utilizado implicitamente, em não poucos diálogos de Platão, como um importante paradigma científico a ser problematizado, criticado ou reempregado. Interessa-me, aqui, analisar a contribuição do atomismo para a Filosofia da Linguagem platônica presente no Sofista. A hipótese a ser desenvolvida é que o cerne das reflexões linguísticas encontradas em tal diálogo se inicia com uma importante crítica à doutrina do atomismo."

  44. Trindade Santos, José. 1998. "Do Crátilo ao Sofista: a descoberta da linguagem." Atti della Accademia di Scienze morali e politiche della Società nazionale di Scienze, Lettere ed Arti di Napoli no. 109:55-67.

  45. ———. 2011. "Notas sobre o estatuto do não-ser no Sofista." In Logon didonai. La filosofia come esercizio del rendere ragione. Studi in onore di Giovanni Casertano, edited by Palumbo, Lidia, 591-600. Napoli: Loffredo.

  46. ———. 2018. "Metamorfoses do logos: do não predicativo ao predicativo." Archai no. 24:179-206.

    Resumo: Este texto aborda alguns usos filosóficos de logos em Platão, em especial os associados a contextos lógico-epistemológicos contrastantes. Contraposta a vagas concepções ‘não-predicativas’, a teoria ‘predicativa’ do enunciado (Sofista 261-264) culmina a pesquisa sobre o logos, desenvolvida nos diálogos. Da obra “socrática”, retira o pedido de resposta à pergunta “O que é?” por meio de um logos, correspondida, no Fédon e na República, pela exigência de logon didonai como prova do saber. Noutro plano, exemplificando usos sofísticos do logos, são expostas três" concepções infalibilistas e não-referencialistas de logos, avançadas no Eutidemo, no Teeteto e no Crátilo. Depois de analisar três casos de logos não-predicativo, o texto defende que, com a teoria predicativa do logos, Platão visa a habilitar do discurso para o conhecimento de “o que é”."

  47. Veloso, Cláudio William. 2001. "Dicotomia e imitação no Sofista de Platão." Cadernos de Atas da ANPOF (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia) no. 1:121-126.

    "Tempos atrás, eu decidira nunca mais me ocupar de Platão. Eu achava impossível —pelo menos para mim— dizer algo de sensato —e, ao mesmo tem-po, de não óbvio— acerca desse autor. Como ouvi dizer de Luc Brisson uma vez, Platão é perverso. E diante de um perverso só consigo constatar a sua perversi-dade, onde por perversidade entendo o fato de se afirmar algo e se negar esse algo ao mesmo tempo. Levado, porém, pelo entusiasmo de uma discussão com Monique Dixsaut e Marcelo Pimenta no III Simpósio Nacional de Filosofia Antiga (Itatiaia (RJ), Abril de 2000), deixei-me convencer a apresentar um trabalho neste encontro. Na verdade, logo me arrependi. Platão não é, como se costuma dizer, minha especialidade. Embora leitor interessado dos diálogos, confesso que sou muito ignorante da bibliografia crítica. Mesmo assim, atrevo-me a expor-lhes algumas minhas reflexões." (p. 121

  48. Wolff, Francis. 1996. "Dois destinos possíveis da ontologia a via categorial e a via física." Analytica no. 1:179-225.

    "Os gregos são tidos como tendo falado do Ser. Falar do Ser, certamente, mas o que dizer do Ser? Que ele é, mas isso não diz nada. Para instituir a possibilidade de um discurso sobre o ser, é preciso começar pensando e dizendo também que ele não é. Um discurso é então possível, mas é ainda sobre o ser? Pode ser que, ao invés de nos ter mostrado como o discurso sobre o ser é possível ou necessário, o pensamento grego tenha esboçado, de uma vez por todas, três figuras de sua impossibilidade.

    Três figuras, as únicas possíveis, nas quais se abisma necessariamente toda “ontologia”: aquém do discurso “ontológico”, há a tautologia vazia; além, há uma física ou há uma lógica." (p. 179)

    (...)

    "A ontologia institui-se, dizíamos, no curto momento que separa Parmênides de Aristóteles ou de Epicuro. Antes, ela não é ainda possível, por não pensar o não-ser; depois, não é mais possível, o ser não devendo mais ser pensado como tal. Ela institui-se também na estreita via que separa a lógica da física e abisma-se necessariamente em uma ou em outra se quiser verdadeiramente pensar o discurso

    ou o movimento. Tudo isso é natural. Pois querer uma ciência universal do ser obriga o pensamento a escolher. Em que pensa ela? Neste mundo em que evidentemente nos encontramos, ao qual temos uma relação imediata (aisthesis), este mundo que vemos e tocamos e no qual nos movemos não menos evidentemente?

    O mundo-visto? Ou neste mundo no qual a linguagem (logos) nos joga, mediante a qual temos uma relação possível com todos os seres que falam e no qual falamos infinitamente das coisas e aos outros? A linguagem-mundo?" (p. 225)